Estudantes e professores de escolas públicas de João Pessoa e
Campina Grande reclamam da falta de segurança no entorno das instituições de ensino, principalmente no turno da noite. Por causa da violência, algumas escolas estão fechadas no turno e em outras os alunos desistem de estudar no horário ou as aulas terminam mais cedo para que eles possam voltar para casa sem serem assaltados.
No Centro de
João Pessoa, na escola Lyceu Paraibano, o número de alunos matriculados à noite caiu de 390 em 2014 para 180 em 2015. De acordo com a diretoria da escola, o número caiu pela metade este ano. Das sete turmas do ano passado, restaram três, com 90 alunos.
“Quando termina a aula, às 22h, o aluno vai ter que se movimentar até a Lagoa [do Parque Solon de Lucena], que não está muito boa nesta época de reforma. Daqui pro ponto do ônibus, ele já corre perigo porque esse local é complicado com relação ao problema da segurança, dos assaltos”, explica Agostinho Andrade Santana, vice-diretor da escola.
Aluno reclama do clima de insegurança ao redor da
escola em João Pessoa
(Foto: Reprodução/ TV Cabo Branco)
Matheus de Freitas é estudante do 2º ano do ensino médio no turno da tarde na escola, ele explica que quando termina de assistir aula, perto do anoitecer, os estudantes já ficam com medo. “Muitos alunos do turno da tarde já sofreram abuso e violência. Por não ter um celular muito caro, sofrer agressão por causa disso. Vários fatos de assalto aconteceram aqui, em frente a escola, enquanto os alunos saiam para pegar o ônibus na parada”, disse.
Por nota, a Polícia Militar informou que o policiamento na área do Centro de João Pessoa é de responsabilidade do 1º Batalhão da PM e que as patrulhas são feitas por viaturas e motocicletas. A PM informou ainda que os agentes são orientados a reforçar as rondas preventivas em torno das escolas e outras instituições de ensino, principalmente no período da noite e nos horários de entrada e saída dos alunos.
A escola professora Maria do Carmo de Miranda, em Jaguaribe, não abre mais no turno da noite desde o ano passado. De acordo com a professora Maria Airan Cézar, que era coordenadora da escola na época, explicou que o número de matrículas no turno foi diminuindo até quase zerar por causa do medo dos assaltos.
“Nós nunca conseguíamos chegar até o final da última aula porque a maioria dos alunos pedia pra sair mais cedo pois corriam o risco de ser assaltados no entorno da escola. No fim, tivemos professores assaltados, alunos que tiveram a moto roubada na entrada, chegava na moto e enquanto o porteiro ia abrir o portão, chegava o cara e levava a moto”, disse.
Em Campina Grande
A situação encontrada em Campina Grande é pareceida no distrito de Catolé de Zé Ferreira, na zona rural. As aulas da escola Antônio Guedes de Andrade no turno da noite acontecem em uma casa alugada, na mesma rua da instituição. O motivo da mudança é que no trecho onde fica a escola não há iluminação e isso contribui para o número de assaltos no local.
Diretor explica por que mudou endereço das aulas
(Foto: Reprodução/ TV Paraíba)
“Ninguém tá querendo vir para as aulas porque semana passada uma menina teve seus materiais escolares roubados e assim não dá. A população tá pedindo que sejam feitas rondas policiais”, disse um aluno que não quis se identificar.
O major Gilberto Felipe, da Polícia Militar em Campina Grande, afirmou que existe policiamento na localidade, mas vai investigar para saber se as rondas estão sendo feitas. O policial informou também que o efetivo do local será aumentado no turno da noite. Esta semana, policiais se reuniram com moradores para, juntos, encontrarem soluções para reduzir a criminalidade no local.
O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação do Estado da Paraíba (Sintep) sugere que as escolas façam um livro de ocorrências para registrar situações de violência. De acordo com o coordenador geral do Sintep, Carlos Belarmino, sem este livro o sindicato não consegue saber a quantidade de casos violentos envolvendo alunos e professores. “É importante para a escola, nesse quesito da violência, garantir exatamente um canal aberto entre a escola e a Polícia Militar. Até mesmo por meio de um aplicativo ou um telefone em que o diretor tenha acesso direto”, diz.
O G1 e a TV Cabo Branco tentaram entrar em contato com a Secretaria de Educação do estado, mas até as 8h desta quarta-feira (30), as ligações não foram atendidas.
